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Há 100 anos, o Vasco da Gama rompia as barreiras do racismo no futebol.

Manifesto por ocasião do centenário da Resposta Histórica 1924 - 2024

O 7 de abril de 1924 deve ser lembrado como um dos dias mais importantes da história do esporte brasileiro. Ainda que nenhum gol tenha sido marcado nessa data, o Vasco da Gama coroou a mais importante de suas vitórias, com a assinatura e publicação da sua Resposta Histórica contra o racismo e o preconceito social.

Há exatamente um século, o C.R. Vasco da Gama desafiava a imposição da nova liga esportiva do Rio de Janeiro, a famigerada AMEA, e se recusava a expulsar 12 atletas – negros, pobres e operários – da equipe dos lendários Camisas Negras, que encantou o povo e chocou as elites da época ao conquistar o primeiro campeonato do clube, em 1923.

Aturdidos com o triunfo daquele time genuinamente popular, os fundadores da AMEA decidiram radicalizar, tentando enquadrar o Vasco para “purificar” novamente o futebol. A sanção a ser imposta ao novo campeão carioca, caso não concordasse em “limpar” o seu plantel, seria impedi-lo de disputar o campeonato do ano de 1924.

A exclusão do Vasco da AMEA seria suficientemente grave para um clube que havia disputado uma única temporada entre os chamados “grandes” do Rio de Janeiro. Porém, mais grave ainda seria trair os valores e princípios que guiavam a Instituição desde a sua fundação. Logo o Vasco, que foi fundado em 1898 para democratizar o acesso ao remo e que já havia tido um presidente negro nos primeiros anos do século XX. A resistência dos vascaínos romperia, em definitivo, as barreiras do racismo no futebol brasileiro.

Ao longo deste século, a luta contra o racismo ganhou corpo no Brasil e no mundo. O tema passou a ser debatido, leis foram aprovadas, a sociedade tomou maior consciência acerca dos diferentes mecanismos – violentos ou velados – que sustentam o racismo e o preconceito social. É nesse contexto que os vascaínos celebram os 100 anos da Resposta Histórica, que significa um passo crucial na longa jornada de combate ao preconceito e à desigualdade.

O esporte é uma ferramenta poderosa de mudança do mundo. O futebol, em particular, é uma metáfora da realidade, um espelho da sociedade e, por isso, torna-se um espaço tão importante a ser ocupado por pautas relevantes como a igualdade. Por esse motivo, a Resposta Histórica deve ter lugar cativo na memória esportiva e social do Brasil.

Esse documento histórico é um grande orgulho para os vascaínos, mas não pertence apenas ao clube. É um legado para o Rio de Janeiro, para o Brasil, para o esporte brasileiro e para todos os seus clubes.

O combate ao racismo está acima de qualquer rivalidade e é com alegria e senso de dever que os vascaínos estendem a Resposta Histórica como uma inspiração para todos aqueles que se indignam com uma sociedade ainda eivada de preconceitos de toda sorte.

Ao celebrarmos o centenário da Resposta Histórica, reafirmamos nosso compromisso com os valores que ela representa. É um momento de reflexão, mas também de ação. Cem anos não foram suficientes para que o racismo fosse extirpado do esporte e das relações sociais. Honremos o legado dos heróis de 1924, pois a luta contra o racismo e o preconceito social não está perto do fim.

Um século de Respeito – Igualdade – Inclusão. E a jornada continua!

Rio de Janeiro, 7 de abril de 2024.

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